Religião de Deus, do Cristo e do Espirito Santo pela Vanguarda do Ecumenismo

Josué Bertolin
|
02/10/2014 às 17h45 - quinta-feira
shutterstock

A Religião é uma das mais antigas formas de interação social e de produção do conhecimento de que se tem notícia. Acredita-se que, antes mesmo do surgimento de tradições religiosas, com a institucionalização de rituais, liturgias e doutrinas, o ser humano já expressava, há milhares de anos, seu sentimento religioso nos agrupamentos, tribos e clãs.

Hoje, estudiosos reconhecem que o elemento religioso colaborou significativamente para a evolução humana, proporcionando melhores condições de sobrevivência ao Homo sapiens sapiens, que desenvolveu esse aspecto em seu grupo primitivo. Sobre isso, o professor dr. Silas Guerriero, antropólogo e coordenador do curso de mestrado e doutorado em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), assim se expressou em entrevista à Super Rede Boa Vontade de Rádio, em 27 de fevereiro de 2011:

"Os grupos humanos que tinham essa capacidade de organização a partir de uma crença em algo superior tiveram uma vantagem em relação aos demais. Isso explica por que a Religião é tão presente até os dias de hoje, quer dizer, é algo que está muito na nossa raiz. (...) Pensar religiosamente foi um ganho extraordinário, foi algo que deu uma possibilidade de sobrevivência a esses povos".

Em contraposição a tão preponderante papel na vida das pessoas, as tradições religiosas por vezes serviram como um instrumento de "massa de manobra" em diversas disputas políticas e econômicas ao longo da História, pois exerciam influência sobre um sentimento sagrado no indivíduo, que é a crença mais íntima e profunda deste — sua Fé. Por isso, em alguns casos, várias correntes espirituais foram utilizadas como pretexto para guerras, enquanto o verdadeiro pano de fundo para tais episódios foi a ambição desmedida de indivíduos ou grupos pelo poder, a qual, por sua vez, torna a pessoa tão cega que esta não reconhece a irmandade existente no próximo. Em grande parte por causa dessas ocorrências, a Religião foi equivocadamente vista como promotora de desavenças ou de manipulação popular, a ponto de ser classificada por Karl Marx (1818-1883) de "o ópio do povo" e por Sigmund Freud (1856-1939) de "infantilismo psíquico".

Examinando as perspectivas apresentadas, como compreender a importância da Religião na vida humana? Para refletirmos sobre isso, é esclarecedor o pensamento de José de Paiva Netto, Presidente-Pregador da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, que, em seu livro Dialética da Boa Vontade — Reflexões e Pensamentos (51a edição, 1987, página 212), afirma: "Religião é para tornar o ser humano melhor, integrando-o no seu Criador, pelo exercício da Fraternidade e da Justiça entre as Suas criaturas".

De acordo com essa abordagem, a Religião certamente não constitui elemento torpe e primário a inebriar multidões na promoção de conflitos sangrentos, perseguições, radicalismos, apatia ou acomodação. Muito pelo contrário. Ao ser questionado por um leitor, Paiva Netto publicou os seguintes dizeres na Folha de S.Paulo de 24 de agosto de 1986, Primeiro Caderno, página 5: "(...) não vejo Religião como ringues de luta livre, nos quais as muitas crenças se violentam no ataque ou na defesa de princípios, ou de Deus, que é Amor e que, por isso, não pode aprovar manifestações de ódio em Seu Santo Nome nem precisa da defesa raivosa de quem quer que seja.

"Alziro Zarur (1914-1979) dizia que ‘o maior criminoso do mundo é aquele que prega o ódio em nome de Deus’.

"Compreendo Religião como Solidariedade, respeito à Vida, iluminação do Espírito, que todos somos. Só posso entendê-la como algo dinâmico, vivo, pragmático, altruisticamente realizador, que abre caminhos de luz nas almas e que, por essa razão, deve estar na vanguarda ética. Não a entenderia se não atuasse também de modo sensato na transformação das realidades tristes que ainda atormentam os povos. Esses, cada vez mais, andam necessitados de Deus, que é antídoto para os males espirituais e morais, por consequência os sociais, incluídos o imobilismo, o sectarismo e a intolerância degeneradores, que obscurecem o Espírito das multidões. (...) E de maneira alguma devem-se excluir os ateus de qualquer providência que venha beneficiar o mundo".

Vivenciar o Ecumenismo é uma das grandes propostas que a Religião do Amor Universal traz ao mundo desde seus primórdios, para que não mais se desvirtue o verdadeiro significado de Religião. Ecumenismo empregado no sentido original da palavra — do grego oikoumenikós, que significa "de escopo ou aplicabilidade mundial, universal". Portanto, abrange todas as crenças, filosofias e áreas do saber espiritual-humano. Acima de tudo, preconiza o ato de exercer o Amor, a bondade, o respeito, a solidariedade etc., por meio da "manifestação daquilo que nasce com o indivíduo, mesmo quando ateu: o sentido de religiosidade, que se expressa das mais variadas formas"1 , conforme assevera o criador da Academia Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista.

+ Conhe mais sobre o Ecumenismo pregado e vivenciado pela Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo.

Arquivo LBV

Em 7 de janeiro de 1950, Alziro Zarur comanda a primeira reunião ecumênica da Legião da Boa Vontade, a Cruzada de Religiões Irmanadas, pela qual pioneiramente preconizava o interrelacionamento religioso. Ela foi realizada no Salão do Conselho da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, RJ, da qual Leopoldo Machado foi um dos oradores. Na foto superior, ao lado direito de Zarur, que aparece em pé, Teles da Cruz (Catolicismo), à esquerda Murilo Botelho (Esoterismo) e Ascânio Farias (Positivismo).

Vejamos a bandeira do Ecumenismo na trajetória da Religião do Amor Universal. Em 7 de janeiro de 1950 — seis dias depois de fundar a Legião da Boa Vontade, primeira fase evolutiva da Religião do Terceiro Milênio —, Alziro Zarur, saudoso radialista, jornalista e poeta carioca, lançou a Cruzada de Religiões Irmanadas, na qual representantes de diversas tradições espirituais e de campos do pensamento humano puderam harmoniosamente discorrer sobre suas visões acerca do tema em questão. Antecipava-se o que viria a se chamar diálogo inter-religioso, e concretizavam-se preceitos que Zarur defendia desde moço, na década de 1920. O evento ocorreu no salão do conselho da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e foi fruto de reuniões preparatórias realizadas em outubro, novembro e dezembro de 1949, na sala da diretoria daquela respeitada instituição. Na oportunidade, palestraram Salustiano César, reverendo protestante; Teles da Cruz, católico; Murilo Botelho, esotérico; Leopoldo Machado, espírita; Eugênio Figueiredo, livre-pensador; Samuel Linderman, judeu; e Ascânio de Farias, positivista. A iniciativa alcançou destaque nos editoriais do jornal O Globo de 13 e de 26 de janeiro de 1950 e teve reconhecimento do Vaticano na década de 1960, com a Medalha do Papa Paulo VI, "por serviços prestados à causa do Ecumenismo" — láurea entregue pelo Núncio Apostólico Dom Sebastião Baggio.

A partir desse Ideal, inúmeras ações foram e continuam sendo desenvolvidas em prol da Fraternidade sem fronteiras. Um importante exemplo disso foi a construção do Templo da Boa Vontade (TBV), inaugurado por Paiva Netto em 21 de outubro de 1989, em Brasília, Brasil. O monumento, uma Pirâmide de Sete Faces, acolhe a todos os que buscam o encontro com o sagrado, com o Criador ou com os mais elevados ideais, sem restrições de classe social, gênero, etnia ou posição espiritual e/ou filosófica, sendo um marco na história do Ecumenismo mundial. Pelo que o TBV representa em termos de promoção do diálogo e da Paz, 21 de outubro foi declarado, em vários Estados brasileiros, o Dia do Ecumenismo.

+ Em 2017, o Templo da Paz, completa 28 anos. Confira a programação dos eventos comemorativos.

Cinco anos depois, em 25 de dezembro de 1994, na celebração do Natal Permanente de Jesus, o dirigente das Instituições da Boa Vontade (IBVs) inaugurou, ao lado do Templo da Paz, o Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica (ParlaMundi da LBV), sede de importantes eventos, fóruns e conferências internacionais, a exemplo do Fórum Mundial de Ufologia (1997), do Fórum Mundial Espírito e Ciência, da LBV (de 2000 em diante), e de tantos outros, que ocorrem sob a diretriz traçada por seu construtor: "Ele [o ParlaMundi] propõe a conciliação universal de todo o conhecimento espiritual e humano, numa poderosa força a serviço dos povos. Cizânia, radicalismos, hostilidades de todos os matizes devem permanecer afastados dos debates e das proposições religiosas, filosóficas, políticas, científicas, econômicas, artísticas, esportivas e o que mais o seja, pois o ser humano nasce na Terra para viver em sociedade, Sociedade Solidária Altruística Ecumênica".

A Religião de Deus, a Religião Ecumênica do Brasil e do mundo, integra o Comitê de Diversidade Religiosa e Direitos Humanos (CDRDH), da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, da qual é parceira desde 2004, quando contribuiu na construção da Cartilha da Diversidade Religiosa e do vídeo Direitos Humanos e Diversidade Religiosa. Com tal trabalho, esperamos que a liberdade de crença e de culto, garantida na Constituição Federal de 1988 e na Declaração Universal dos Direitos Humanos, seja realmente respeitada e vivida por todos e se ponha fim à intolerância religiosa, que, infelizmente, ainda campeia por nosso país e pelo mundo.

Alziro Pietrângelo

Maringá, PR – De mãos dadas pela Paz, irmãos de diversas tradições de Fé reafirmam seus compromissos de trabalhar por um mundo de Paz.

Assim como a Religião foi essencial à sobrevivência dos povos primitivos, o Ecumenismo — em toda a sua ampla dimensão — assume semelhante papel no reconhecimento da multiplicidade e na construção da harmonia social. Fator que extrapola o fundamental diálogo no campo religioso, é indispensável à Política, à Ciência, à Filosofia, à Economia, à Cultura, à Arte, ao Esporte, enfim, a todos os âmbitos da vida e a todas as criaturas. É ainda basilar para promover "a unidade na diversidade, para vencermos a adversidade", pois "Ecumenismo é educação aberta à Paz", segundo defende Paiva Netto, que em mensagem dirigida à Conferência de Cúpula da Paz Mundial para o Milênio, organizada pelas Nações Unidas em agosto de 2000, em sua sede na cidade de Nova York, Estados Unidos*2, conduziu os participantes de todos os países membros a refletir sobre as próprias responsabilidades à frente dos povos, conforme demonstra o seguinte trecho da missiva:

"Convidar todos ao ingresso sem tardança na Sublime Escola do Amor Fraternal, para flagrantemente vivê-lo, é, em resumo, a tarefa empreendida pelos fundadores das crenças. Executá-la em harmonia é finalmente trilhar o caminho que leva à Paz.

"Todo documento derradeiro assinado neste Encontro Internacional seria um engodo lançado à face do mundo se não sairmos daqui convencidos de que somos legitimamente Humanidade, ‘um poema de compaixão’, como queria o Buda (556-486 a.C.).

"Ao término da Conferência de Cúpula da Paz Mundial para o Milênio, que tem a Organização das Nações Unidas, ONU, como anfitriã, atravessemos os seus portais definitivamente como Irmãos. Irmãos e Irmãs aqui, Irmãos e Irmãs lá fora, Irmãos e Irmãs a milhares de quilômetros de distância. Só assim seremos capazes de satisfatoriamente concretizar o que, neste evento, ajustarmos".

Afinal, não foi isso que nos pediu o Rabi da Galileia há dois milênios? O Jesus Ecumênico, antissectário, livre de ódio e fanatismo — assim proclamado pela Religião de Divina —, cuja bendita influência vai além das tradições religiosas, não temeu nem a "morte", tão integrado estava no sentido sublime do Seu Mandamento Novo: "Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos" (Evangelho segundo João, 13:34 e 35). Eis o que sustenta o conceito e a prática do Ecumenismo na Religião do Terceiro Milênio. Trata-se da força motriz que impulsiona as pessoas ao exercício desse senso divinamente humano em tudo o que realizam na vida. O Mestre Amado ainda nos instigou a não cultivar a Fé de forma cega e intolerante, ao afirmar: "Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis; mas, se as faço e não me credes, crede pelo menos por causa das minhas obras, para que possais reconhecer que o Pai está em mim e que Eu estou no Pai" (Boa Nova segundo João, 10:37 e 38). Ora, pelas obras que o Cristo Ecumênico empreendeu por Amor à Humanidade, existem inúmeros motivos para aplicarmos os ensinamentos universais desse Ser, que não fez outra coisa senão disseminar Luz, Bondade e Concórdia entre os povos, sem distinções.

________________________
Josué Bertolin — Secretário-executivo da Academia Jesus, o Cristo Ecumênico; mestrando em História da Ciência pela Universidade de São Paulo (USP); e apresentador do programa Conexão Jesus, transmitido pela Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV e internet).

*1 O pensamento foi proferido por Paiva Netto em entrevista ao veterano jornalista italiano radicado no Brasil Paulo Parisi Rappoccio, em 10 de outubro de 1981. Pode-se analisar que teorias materialistas cultivaram, consciente ou inconscientemente, esse sentimento descrito pelo autor na forma de ideologia e/ou utopia, motivando seus adeptos a cultivar um sistema de crença e valores a partir de uma aspiração superior a um futuro melhor, com base em suas concepções.

*2 Mais de mil líderes religiosos de diversos países comprometeram-se, em importante documento produzido na Conferência de Cúpula da Paz Mundial para o Milênio, a unir-se em torno da solução do problema da intolerância no mundo. A mensagem "O dinamismo da Paz", de Paiva Netto, editada em quatro idiomas (português, inglês, espanhol e francês), repercutiu de forma tão significativa entre os presentes que foi escolhida para leitura na conclusão do evento. A LBV, pelo fato de atuar desde 1994 na ONU — quando passou a integrar o Departamento de Informação Pública (DPI), alcançando, em 1999, status consultivo geral no Conselho Econômico e Social das Nações Unidas — e de ter reconhecida a tradição ecumênica e fraterna de sua palavra e de seus serviços em prol do entendimento humano, recebeu convite, em carta endereçada pelo comitê organizador ao dirigente da Instituição, para indicar nomes e assumir a coordenação da comitiva de religiosos brasileiros naquele relevante encontro.

Avalie este conteúdo